Sempre gostei de ler as histórias dos santos. Encantava-me com seu heroísmo, com os milagres, com a intervenção da Divina Providência no momento em que tudo parecia dar errado. Os atos de amor, o martírio, as renúncias; tudo isso me encantava.
Durante minha adolescência li muitas dessas histórias. Hoje meu tempo está mais curto, então não posso ler tanto. Todavia, há dois dias encontrei uma história fantástica... E o melhor é que não faz tanto tempo que aconteceu. Trata-se de Jacques Fesch.
Vocês podem conferir a história dele aqui. Em linhas gerais, ele era filho de um banqueiro, vivia como "playboy", de forma desregrada. Engravidou sua namorada e casou com ela, mas foi infiel e teve um filho fora do casamento. Quando tudo ia muito mal, ele quis viajar de barco, sozinho. Mas, como não tinha dinheiro nem seu pai quis financiar a viagem, ele planejou um roubo. E foi aí que tudo aconteceu.
Na fuga do roubo, ele assassinou um policial e foi preso. Por causa desse crime, foi condenado à morte. O jovem não demonstrava arrependimento do que havia feito... Até aí, parece apenas a história de mais um criminoso. Uma noite, na prisão, tudo muda.
Em 28 de fevereiro de 1955... “Estava deitado, olhos abertos, realmente sofrendo pela primeira vez na vida. Repentinamente, um grito saiu de meu peito, uma súplica por ajuda – Meu Deus – e, como um vento impetuoso que passa sem que soubesse de onde vem, o Espírito do Senhor me agarrou pela garganta. Tive a impressão de um infinito poder e de uma infinita bondade que, daquele momento me fez crer com convicção que nunca estive abandonado.”
Ele ainda passou dois anos e meio na prisão. Nesse período, viveu um processo intenso de santificação, lutando contra si mesmo e contra o desespero. Arrependeu-se de seus pecados, e passou a ter uma vida ascética na prisão. Sua conversão virou notícia, e comoveu o país. Ele passou a escrever, e suas cartas se tornaram fonte de reflexão para os jovens católicos franceses...
Chegou a época de seu segundo julgamento, no qual a sentença de morte foi mantida. Ainda havia, porém, uma chance: ser absolvido pelo presidente francês. Todavia, ele negou. Assim, em 1º de outubro de 1957, Jacques Fesch foi guilhotinado. Abaixo, seus últimos escritos:
“Último dia de luta. Amanhã, nesta hora, estarei no Paraíso. Que eu morra, se essa for a vontade do bom Deus. A noite avança e eu fico cada vez mais apreensivo. Meditarei na agonia do Senhor no Horto das Oliveiras. Oh, bom Jesus, ajudai-me, não me abandoneis. Mais cinco horas, e estarei na verdadeira Vida. Mais cinco horas, e eu verei Jesus!”
Sinto vontade de chorar quando leio esse trecho. Imagino-o, em uma cela escura, esperando a hora do grande encontro. "A noite avança e eu fico cada vez mais apreensivo". Imagino o misto de esperança e angústia... Tentem imaginar também...
Apesar da guilhotina, o final da história é feliz; a morte não deu a última palavra: ele encontrou Jesus!
Quem imaginaria que aquele playboy, que se transformou em assassino, estaria hoje a caminho dos altares? Sim, já está aberto seu processo de beatificação. E espero em Deus que em breve ele seja declarado beato. Não estamos admirando seus pecados - é óbvio! Mas nos maravilhamos com o poder que Deus tem para atrair os corações. Alegramo-nos com a conversão de Jacques Fesch.
Para mim, ele é a prova cabal de que não existem casos perdidos para Jesus. Ele não desistiu de Jacques. Não desiste de ninguém... Basta que lhe demos abertura e deixemos que Ele faça tudo em nós.
Agora, quando o medo me assaltar, quando o inimigo tentar me enganar, dizendo que não tenho mais jeito... Lembrarei de Jacques Fesch. Deus nunca nos abandona. Eu não sou um caso perdido.
Olá Milla! Sei que é um post tãooo antigo. Mas queria muito encontrar para comprar esse livro do Jacques Fesch! Por acaso você sabe onde consigo achar?
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